Hoje faz um ano que eu ultrapassei umas pedras grandes que apareceram no meu caminho. Parecia difícil passar por todas elas, mas, uma a uma foi sendo chutada pro lado, pulada, quebrada e hoje eu estou aqui, bem melhor. Não foi fácil... Não foi fácil perder quase dez quilos de uma hora pra outra, passar mal sem cessar e tentar fingir que estava tudo bem. Eu não queria preocupar ninguém, até quando não deu mais, era visível a fragilidade do meu corpo. Hoje eu vejo que eu fui muito forte. Não deixei de trabalhar, queria seguir minha vida normal, aos trancos e barrancos eu segui. Chegou uma hora em que todos a minha volta já estavam extremamente preocupados, e eu percebia pelos olhares... Eu que sempre fui magra, sequei, como eu nunca imaginei que pudesse ficar. Perdi todas as roupas, e só saía com vestidos largos pra disfarçar a magreza. Nos intervalos das aulas, colocava os pés pra cima, pra ver se o inchaço melhorava. Nas reuniões com os amigos, sempre dava as escapadinhas pro banheiro, porque o desconforto abdominal era muito grande. Fiquei com vergonha de sair na rua e perceber que todos se espantavam. Chorava copiosamente e rezava por um fim, que chegou no dia 05 de outubro de 2010.
Acredito que tudo tem um propósito, e o que eu passei surgiu para que eu me tornasse mais forte. Fiquei meio perdida no início, porque ter um problema que não tem cura, é de assustar qualquer um. Mas isso não durou muito. À medida que ia descobrindo novas receitas, que ia lendo as respostas da Flávia Anastácio e da Raquel Benati na comunidade, que ganhava um quilo, que estudava mais sobre a Doença Celíaca, que ia na casa da minha irmã comer um biscoitinho que ela testava, ia vendo que não era o fim do mundo, que eu ia conviver com a condição celíaca muito bem. Apesar de nossas dificuldades, não reclamo de ser celíaca. Tenho prazer em explicar cada detalhe quando alguém me pergunta mais uma vez, de participar das Conferências de Saúde e de Segurança Alimentar, mesmo com o meu tempo corrido, de ir pra cozinha testar uma receita nova... E olha que isso era coisa que eu nunca podia me imaginar fazendo!
Hoje eu tenho prazer em comer, eu tenho fome. Não como por obrigação, como antes. Hoje eu tenho muito mais amigos, virtuais e reais. Hoje eu sei o que é abraçar uma causa, se engajar. Hoje eu sei que as pessoas me amam de verdade, principalmente quando eu chego numa festa e recebo um prato preparado especialmente pra mim. Excluí o glúten da minha vida, mas ganhei muito mais coisas. Uma outra visão do mundo se abriu na minha frente.
Obrigada a todos que acompanham o Malu Com Seus Botões!
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