Barbara Ramsay reflete sobre o que é bom na alimentação e melhor ainda na dieta.
Este texto foi extraído de Brahma Kumaris Official Website
Fonte: Surpresas para namorados |
O aviso “Leia sempre as entrelinhas”, usado para referir-se a hipotecas, contratos e negócios importantes, serve agora também para caixas de cereal, enlatados e garrafas de suco. Gastamos tempo nos supermercados examinando as etiquetas, tentando decifrar códigos estranhos com números e procurando coisas que sejam “poli” ou “mono” ou “des”. Quando Linus se recusou a comer o seu sanduíche de pasta de amendoim e Lucy perguntou por que, ele olhou para ela com horror e disse: “Olhe para a etiqueta no frasco. Essa coisa tem ingredientes demais!”.
As autoridades que cuidam dos alimentos têm muito o que responder. Eles dizem que nós não deveríamos comer laticínios, pois causam muco. Os vegetais não têm problema, mas cuidado com a famigerada berinjela. Ela tem a mesma estrutura celular das células cancerosas. Um tomate? Bem, ele é parte da família da beladona. Sigam a dieta de Pritikin e vocês comerão muitos grãos antes do meio-dia. Seja macrobiótico e você não comerá quase nada mais o dia todo. “Viva principalmente de frutas, mas sempre as cozinhe”, dizem. Mas há também aqueles que dizem: “Viva principalmente de frutas, mas nunca, em nenhuma circunstância, cozinhe-as”.
E não é apenas o comer que é perigoso. Beber é igualmente complicado. Chocolate, afinal de contas, é feito de leite. Café? Você deveria dizer “arsênico”. Chá é pior do que café, pois não contém apenas cafeína, mas também ácido tânico. Refrigerantes não têm ácido tânico, mas certamente têm cafeína. Eles também têm açúcar, exceto o tipo “diet”, que são mini-fábricas químicas à procura de um estômago para poluir. Os sucos deveriam ser espremidos na hora, senão não têm absolutamente nenhum valor nutricional e, pelo amor de Deus, não beba suco com nenhuma outra coisa. Claro, há ainda a água, mas a da torneira está cheia de coisas terríveis... E a que borbulha das fontes – bem, quem sabe o que contém a terra hoje em dia? Há ainda a água mineral, mas de fato os minerais não são realmente bons para você. Escute tudo isso e você acabará vivendo de água destilada e maçãs derrubadas pelo vento... E não estou tão certa com relação às maçãs.
Ainda há a questão vegetariana, um assunto que tem causado longas discussões com amigos. Para mim, quando minha filha era pequena e cantávamos “Mary tinha um carneirinho” e depois havia costelas de carneiro para o jantar, isso se fixava na minha mente e não saía. Mas... Se eu disser que não como nada que pensa, ou que seja consciente, grandes debates surgem cheios de fatos sobre as cenouras que gritam quando você as corta, e outras questões, por exemplo, de “como você pode provar que um peixe pensa?”. Para evitar o problema, apenas diga “não como nada que tenha uma cara”. Não importa quais sejam as nossas escolhas alimentares ou opiniões, com todos os fatos e números, especulações e investigações, alguma coisa muito importante é sempre deixada de lado.
A comida alimenta não só o estômago e nutre não só o corpo. A comida também conforta o coração. Afinal, quantas mães oferecem um biscoito e também um abraço quando o filho cai? Quando a comida é dada com mãos amorosas, ela tem o poder de acalmar a criança que chora. Até mesmo quando somos adultos, o poder do conforto ainda existe aí. Em muitas culturas, quando alguém morre, há uma tradição dos vizinhos em trazer comida para a casa enlutada. Mais do que simplesmente permitir que os que estão de luto não tenham de cozinhar, o gesto significa “Eu me importo... eu estou aqui... depois disso, existe vida”.
As celebrações, também, sempre têm a comida em seu centro. Nós convidamos as pessoas para compartilhar uma refeição como sinal de amizade e celebramos os aniversários com um bolo. E o que é mais legal, caloroso e amigável do que fazer um doce para as pessoas com quem você se importa?
Sendo a vida o que é, há muitos regalos especiais para o palato, a barriga e o coração que nunca desaparecerão – não importa que sejam ou não bons para nós – e o mais importante são as coisas feitas à mão, por alguém que você conhece.
Claro, doces e biscoitos do supermercado ou jantares congelados e muitas outras coisas economizam o tempo das pessoas. Não é preciso ler receitas, nem passar um tempo extra na cozinha, nem lavar a louça depois. Mas mesmo que você os prepare cuidadosamente, com amor, eles nunca encherão a cozinha com os bons aromas do cuidado e aconchego culinários. Você não pode servi-los ainda quentes do forno e não pode assá-los junto com seus filhos.
Mas há ainda mais pontos a favor da comida caseira do que o sabor e o modo como cheiram. Mais ainda do que o ato de compartilhar. Embora seja verdade que “nós somos o que comemos”, é ainda mais verdade que “nós somos o que pensamos”, porque a mente humana é uma coisa poderosa. Poucas pessoas atualmente duvidariam de que nossas mentes enviam vibrações constantes, e essas vibrações afetam o mundo em que vivemos. É algo que as pessoas parecem ter percebido em um nível instintivo.
Uma vez, quando eu era pequena, lembro-me de ter ouvido minha mãe falar sobre uma briga e a atmosfera que essa discussão deixou. “Você podia cortar o ar com uma faca”, ela disse. Para minha mente de criança, isso era incrivelmente vívido. Eu quase podia ver o ar… grosso e um pouco pegajoso. Seria difícil andar contra um ar assim, eu pensei, e impossível correr ou pular. Por muito tempo, sempre que havia uma briga, eu olhava atentamente, procurando realmente ver o ar da sala, mas não tive de crescer muito para entender o que isso significava.
No tempo dos hippies felizes e dos “filhos da flor”, as pessoas diziam “boas vibrações, cara” ou “pesado”. Isso fazia sentido totalmente. Uma atmosfera cheia de antagonismos, ciúmes ou raiva é pesada e, de fato, cria uma sensação de que você quase pode cortar o ar com uma faca. Todos nós sabemos disso. Há inúmeros livros escritos sobre como usar os pensamentos corretos para criar sua própria vida, para transformá-la no que você quiser que ela seja. Todos concordam que os pensamentos são poderosos. Concorda-se que nossos humores podem afetar a atmosfera. E se nosso modo de pensar afeta as vibrações, também afeta a comida que cozinhamos. Todos os dias lidamos com vibrações que não podemos ver e ainda assim aceitamos completamente. Muitas dessas vibrações viajam distâncias incríveis e são captadas tão claramente e tão fortemente que chegam na forma de imagens e sons, claros o bastante para que todos vejam. A única razão pela qual não vemos a televisão como um pequeno cosmo, a única razão pela qual não a assistimos com ceticismo, é porque estamos acostumados a ela.
Com o clicar de um botão, a luz se acende, e nunca perdemos tempo pensando sobre como isso é impossível. De fato, se dependesse de nossa crença, provavelmente ainda estaríamos vivendo no escuro. Estamos acostumados a alguns milagres e outros são ainda simplesmente novos para nós.
Quando estamos cozinhando, nossas mentes estão trabalhando, as mentes fazem isso o tempo todo, não importa se queremos ou não. É isso que nossas mentes fazem. Quando estamos mexendo, enrolando e assando, estamos pensando, e o pensamento cria vibrações, não importa se queremos ou não, porque é isso que os pensamentos fazem. Se tivermos pensamentos positivos, então nossas vibrações são felizes, pacíficas e afetam a comida, afetando também as pessoas que comerão a comida.
Exceto nos lugares onde a sobrevivência é tão dura que a comida simplesmente mantém o corpo e a alma juntos, compartilhar a comida sempre é parte de momentos profundamente significativos... marcos na vida: o café da manhã do casamento, o banquete do batismo, a comida do funeral, o jantar compartilhado de ação de graças que celebra um compartilhamento mais antigo de comida entre duas culturas. Mesmo a palavra “comunhão” significa amizade e paz. Momentos profundamente espirituais utilizam a comida como moeda de passagem, não importa que seja no Ocidente, onde Cristo e seus discípulos compartilharam a Última Ceia, ou no Oriente, onde os adoradores recebem a comida que foi oferecida nos templos ou cozida na lembrança de Deus.
Os pensamentos são poderosos, e as vibrações criadas pelo que pensamos afetam a vida. Se nossos pensamentos forem cheios de negatividade, se cozinharmos quando estivermos com raiva ou chateados, corremos o risco, como em um conto da carochinha, de metaforicamente “engrossar o caldo”. Cozinhe com cuidado, cozinhe com amor e saiba que esse é um milagre sobre o qual você tem controle... um milagre que você pode fazer.
Está em nosso poder realizar esse milagre, como um presente, para as pessoas que comem o que cozinhamos. Está em nosso poder dar-lhes comida que contenha paz, amor, conforto e até mesmo um pouco de mágica. Nunca devemos nos esquecer de que, nas melhores receitas, o amor é o ingrediente secreto.
Barbara Ramsay é uma escritora freelancer de Melbourne, Austrália.
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