Em meio à conversas com amigos reais, me vejo falando sobre amigos virtuais. O fulano disse isso, a fulana fez aquilo... Percebi que construí uma relação de amizade com pessoas que eu nunca vi, mas que foram extremamente importantes na minha peregrinação (pequena, comparada com a de outros amigos) para o diagnóstico da DC, na aceitação da doença e no esclarecimento sobre a minha nova vida de celíaca.
Entendi o que é unir-se pela dor. Entendi porque mães que tiveram filhos vítimas da violência urbana se unem e abraçam a causa, e fazem da luta pela paz e pela justiça um estímulo para continuar caminhando.
Eu abracei a causa dos celíacos, e não me envergonho quando "brincam" comigo, dizendo que eu pareço "gostar de ser doente", até porque eu não me sinto doente e tenho bastante cuidado para não ficar.
Sempre que posso entro nas comunidades "Celíacos do Brasil", "Viva sem Glúten", "Cozinhando sem Glúten" e "Acelbra-RJ/Celíacos do RJ" para trocar informações, receitas, ver as novidades e conversar com os amigos virtuais, com quem compartilho a dificuldade que é viver sem glúten num mundo que ainda não está preparado para nós, e para rir do que a gente vê e passa na nossa caminhada.
Não sou expert no assunto, mas, estou sempre disposta a ajudar a quem está perdido, onde eu já estive. Indico médico, dou receitas, esclareço algumas dúvidas, insisto que a dieta é indispensável... Faço o que está ao meu alcance para que o maior número de pessoas conheçam a DC e saibam que existem milhares delas que não comem pãozinho francês nem tomam cerveja, o que é quase impossível para muitos.
Para nós é a realidade.
Isso é engraçado, mas saber que existem pessoas iguais a você e que compartilham contigo as dores do dia a dia, uma contaminação, uma receita nova, um nutricionista nota 10, um gastro experiente, uma descoberta dos pesquisadores ou só uma piada, é muito legal!
Agradeço todos os dias por encontrar pessoas que nem sei quem são, mas que parecem ser amigos íntimos, que estão comigo no mesmo barco, e, que como eu não vão pular dele ao primeiro sinal de naufrágio, vão continuar ali, na luta diária para a divulgação da doença, para que os postos e hospitais públicos façam os exames pelo SUS, para que as empresas tenham respeito e seriedade no cumprimento da lei 10.674, auxiliando dentro das possibilidades de cada um, os antigos e novos amigos celíacos.
Obrigada a todos!